SAUDADES INDO, SAUDADES FICANDO...

Martinha quando soube que eu ia para Manaus começou a chorar e ficar triste, pela primeira vez eu deixava saudades em alguém, realmente fizemos uma amizade de mãe e filha eu a compreendia ela me ajudava, era boa para todos os filhos mas era muito braba.
A nega velha era guerreira, não tinha medo de trabalho, era solidária, gostava de ajudar, era uma pessoa feliz.
Aprendi muito com ela, com a sua experiência de vida, Era "espilta", como ela dizia e acreditava em muitas coisas que eu não cria,  mesmo assim muita coisa fazia sentido e nós trocávamos experiências.
Os cinco anos que passamos juntas valeu por uma eternidade.
Até hoje sinto saudades do cafezinho quente com macaxeira e carne assada, o pratinho feito e colocado debaixo do mosquiteiro, a noite quando eu voltava do colégio. 
O frio era tanto que eu não tinha coragem de por a mão pra fora do mosquiteiro. O feijãozinho feito na panela de barro no fogo de lenha, das pamonhas, canjicas, milho assado no mês de junho.
Uma família unida e feliz, todos se ajudavam mutuamente e não era monótona a casa recebia visita o dia todo, os vizinhos eram parte da família.
Martinha tinha um pequeno chão ela plantava de tudo, tínhamos frutas tiradas do pé e bem docinhas.
Ela construía suas casas, era uma danada.
Eu vim de uma família evangélica, era formada para falar do evangelho e aprendi com Martinha e a sua família que não é preciso ser crente para ser feliz.
O cristianismo que eu creio e prego não tem fronteiras e por isso não tenho preconceito e não ponho os valores acima das pessoas. Primeiro a pessoa e depois vem os seus valores seu modo de vida e seu credo religioso.
As experiências vividas na casa da nega velha me acompanham até hoje e tenho muitas saudades da minha neguinha..
Levei esta saudade para Manaus e por onde ando vivo com ela.

OBRIGADA MINHA NEGA VELHA...
EU TE AMO.
SAUDADES ETERNAS...

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