EU ME LEMBRO, E COMO NÃO LEMBRARIA?

Eu me lembro, era criança, 
mas tenho muitas lembranças. 
A minha mãe dona Dina, 
não entendia o que eu sentia,
E no lixo botou todas as minhas poesias.
Olhei pra dentro da lata do lixo, 
e o cachorro, vira-lata, fez disso
O seu brinquedo maldito.

Mas, não foi somente isso, 
guardava eu, como se guarda ouro, 
Aquele meu tesouro que para os outros 
eram apenas, papel escrito.
Eram os meus versos bonitos.

Um dia, depois de umas viagens compridas, 
lhe fiz uma pergunta:
Dona Dina? 
-Cadê aqueles cadernos 
que eu deixei quando parti?
-Aquelas porcarias, 
cheias de traça e fedida, 
joguei fora, para nada servia.

Fiz uma boa limpeza, 
não quero papel guardado, 
que somente traz a sujeira 
e não tem serventia.

Sentei, chorei e lamentei 
e disse na minha agonia, 
de agora por diante 
não escreverei mais poesias.
A poesia é a emoção sentida, 
toda vez eu tenho uma recaída.

Publiquei um livro de prosa e poesias 
e nunca mais dela me separarei.
Fazer o quê? 
Se é uma das coisas boas 
que eu tenho na minha vida.



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