CADA CABEÇA É UM MUNDO





De vez em quando a mente volta ao começo da vida.
Parece que eu escuto dona Secundina para lá e para cá falando provérbios...
Como ela aprendeu?  

Morando em Goiana, Pernambuco, uma cidade atrasada, que ainda hoje vive o mesmismo.
Filha de português que ouvia o pai dizer:  
-Eu tenho os meus quatro avós marinheiros.
Eu era uma ovelha negra, tinha os olhos arregalados, os ouvidos bem abertos e a boca grande.
E a dona Dina minha mãe, educadora, falava: 

-A ovelha mansa mama na sua teta e na alheia, e a braba, nem na sua...
Cada cabeça é um mundo eu lido com dez cabeças: 
-A minha, a do Zé Guedes e dos oito filhos que Deus me deu.
Vamos imaginar esse universo de mundos. 
Todos pensando e falando ao mesmo tempo. 
Sem contar com o barulho do mar, do vento, dos animais e da própria natureza. 
Esse mundo para uns é uma sinfonia, para outros uma poluição sonora.
Falamos do barulho das crianças, mas quando nos reunimos, não respeitamos aquele ditado popular: 
-Quando um burro fala, o outro mucha as orelhas. O burburinho ainda é pior.
Eu fico a imaginar o presidente de um país lidando com todos os mundos, aqueles que mandam e os que obedecem.
É muito difícil liderar.
Eu liderei durante muitos anos e sei o peso.
Gente é tudo igual, quando manda é senhor, quando obedece é ovelha berrante, reclama do capim, da água e até do vento.
SER PRESIDENTE DE UM PAÍS NÃO É FÁCIL.






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