LEMBRANÇAS E MAIS LEMBRANÇAS...

Somos três irmãs bem unidas, a mais nova é bem distante na idade eu e a nena temos um ano e três meses de diferença.

Somos a carne e o dedo, mas também o óleo e água, ela nasceu ao papai, vive por que respira e eu nasci a mamãe brigo até com vento...

A mamãe nos enfeitava e colocava na porta para ver entardecer e olhar as crianças brincando, eu sempre dormia com o o coro quente, aproveitava pra correr, me sujava toda, rasgava o vestido, perdia as pulseiras e cordões do pescoço...

A mana parecia uma boneca de loja nem se mexia.

Ela era considerada o exemplo da família, já nasceu clássica no andar, no falar, no comportamento bem peculiar da época, mulher dos anos quarenta, obediente, submissa e cheia de pudor.

Não dava para nos comparar nem de longe.Não era o patinho feio era a cabrita braba...

Quantas vezes minha mãe dizia; Seja como sua irmã e você não vai mais sofrer...Confesso que algumas vezes eu até tentei não durava um dia e já estava estressada... A mana é devagar de mais, demora a pensar, não anda desfila em quanto eu marcho, não fala pensa de mais eu penso depois que falo, e já foi...

A única coisa que nos une é o grande amor.

Eu apanhava gritava que nem um bode amarrado e ala chorava e depois dizia: Se tu não responderes a mamãe ela não vai te bater...Eu dizia; Pois então ela me respeite...Ela é nossa mãe..Mas não é nossa dona...Era uma quebra de braço onde o mais fraco quebrava. Era eu.

Na igreja, na família, na vizinhança ela era endeusada e eu coitada desaprovada em tudo, nota zero e mesmo assim, conservamos uma amor tão grande e nenhuma inveja ou ciume.

É muito fácil compreender eu nunca a admirei, a sua fragilidade me irritava cheguei até pensar que ela fazia tipo para ser coroada a princesa, mas descobri que era uma questão de personalidade.

As comparações me fizeram sofrer até compreender que o seu lugar na sociedade não me interessava pelo contrário aquela sociedade que aplaude os fracos para manipular coroa os obedientes e maltrata os rebeldes eu abomino.

Hoje me sinto uma vencedora mesmo sem os aplausos da sociedade preconceituosa.