VOCÊ PARTIU?
Não me avisou que ia partir, se me avisou eu não ouvi e foi assim.
E foi assim que no dia 25 de dezembro em dois mil e nove, quando os corações batiam fortes celebrando o natal, eu acordei.
Estava dormindo todo esse tempo?
Cansada da lida, seis anos cuidando da sua vida e esses dois últimos, antes da sua partida foram estressantes, eu sei.
Você virou uma criança grande, nem sabia se existia, a sua família era:
-Hei, tem gente ai?
Antigamente, você nos confundia:
-Eu era Cibele, sua primeira esposa, a Nega era Ernanda sua primeira filha, e o Junior era Eugênio o seu primeiro genro.
E depois ninguém mais povoava essa cabeça inteligente que leu muito mais de quatro mil livros.
Era verdade, você tinha ido embora, a sua cabeça estava esquecida mas a nossa, bem sofrida de ver todo dia esse quadro triste, chora: Sons a parte da realidade, mas presente, embora somente nós desfrutássemos de sua presença.
Você partiu, agora eu tenho certeza. E foi para sempre, a sua voz, mesmo sem conjugar nem mais um verbo, deixou saudades, sua presença com o corpo caindo e levantando, literalmente, desocupou um espaço que lhe pertencia por direito.
Maldito Alzheimer, doença desmedida, dessa que destrói a mente antes de destruir a vida.
O ser pensante que antes ao mundo pertencia, vive no esquecimento todo dia, apagam-se as lembranças com uma borracha devastadora e não deixa, nada.
O corpo obedece a essa insanidade e esquece as funções mais comuns como: comer, esquecer de mastigar, esquecer de tomar água e por fim esquecer de respirar e o corpo esquecido, avisa para mente do individuo que chegou ao fim.
Médicos, queridos, ataquem até com magia se for preciso, mas freiem essa doença, que se espalha no mundo a fora.
Que outras famílias como a minha e muitas mil, não veja indo embora um ser aquém amam, no estado lamentável como a gente viu.
SAUDADES NANDO, VOCÊ PARTIU...
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