ACAU- PITIMBU - MINHA TERRA- RECORDAÇÃO- PAGINAS-182-183
RECORDO SEU CHÃO DE TERRA BATIDA,
SEM ESCOLA, HOSPITAL, SEM POSTO DE SAÚDE
PARA CURAR UMA FERIDA.
RECORDO AS NOITES ESCURAS, MAL DORMIDAS,
MEDO, FADIGA, EU MENINA POBRE SEM SAÍDA.
RECORDO AS NOITES DE LUAR, ESTRELAS A ,
BRILHAR CLAREANDO A PRAIA INTEIRA.
MENINOS E MENINAS BRINCANDO NO TERREIRO.
RECORDO A VIDA SIMPLES QUE EU LEVAVA, SEM
LUZ ELÉTRICA NEM ÁGUA ENCANADA, BANHO DE
CUIA, ALEGRIA DA MENINADA.
MEU POVO ABANDONADO A SORTE, SOFRIMENTOS,
DORES, MORTES.
OLHO PARA TRAZ E VEJO UMA PONTE DE MADEIRA,
TÁBUAS QUEBRADAS, EM BAIXO DA PONTE CORRE
O RIO ACAÚ. A MARÉ CHEIA COM MEDO DO TREMER
DAS TÁBUAS, PASSAM MEUS A VÓS E A MENINADA.
MARÉ SECA PASSA NA ÁGUA SUSPENDE AS SAIAS E
SUSPENDE AS CALÇAS.
AVÕ NA FRENTE COM A LAMPARINA , MINHA AVÓ
ATRAZ COM OS MENINOS E AS MENINAS.
PULANDO, SALTANDO E CANTANDO OS CORINHOS.
BRIGANDO, POIS ÉRAMOS TODOS PRIMOS.
FILHOS DE DURVAL GUEDES, FILHOS DE ZE GUEDES,
OS PRIMEIROS NASCIDOS.
QUE LEMBRANÇA LINDA DESSA FASE BOA , ONDE
CORRÍAMOS E BRINCÁVAMOS A TOA.
AO MEIO DIA, EU NA PRAIA SENTADA OLHANDO AS
BARCASSAS, CHEGANDO AS CANOAS CHEIAS DE
PEIXES, LAGOSTAS, CAMARÕES, E O POVO A LEVAR
PARA CASA, A SUA, E DE SEUS PATRÕES.
UMA TREMPE, QUATRO TIJOLOS, E NÓS PROCURANDO
AS CATEMBAS PRA FAZER O FOGO.
A CASA DE AVÕ ERA CHEIA DE COMIDA, PARA OS FILHOS,
NETOS E TODOS DA FAMÍLIA.
AVÓ ELVIRA ESPERA OS MARISCOS PARA FAZER A COMIDA.
MÓVEIS MEU AVÕ NÃO TINHA, ERA UMA CRISTALEIRA,
UMA MESA E UMA VELA DE BARCASSA ESTENDIDA NO
CHÃO, TODO MUNDO SENTAVA E COMIA, NÃO IMPORTA
SE ERA DA CIDADE OU DA PRAIAZINHA.
O IMPORTANTE ERA O AMOR Q UE O AVÕ AONTONIO GUEDES,
E VÓ ELVIRA RIBEIRO GUEDES TINHAM.
BOAS E DOCES LEMBRANÇAS DAQUELA PRAIAZINHA.
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