AMANHECI PENSANDO NELA-- DONA DINA...MINHA MÃE.

Não sei se éramos amigas, inimigas, cúmplices, era  uma relação muito complicada...
Mas ela me contava e eu ouvia.  Falava do pai como se fosse o seu herói ,ele somente tinha qualidades- Meu pai era europeu, tinha os quatro avós marinheiros e veio para o Brasil, 
eu penso que veio falido. Eu penso, isso ela não me falou.
Falava da mãe com um certo desprezo- minha mãe uma mistura de índio com preto, vivia sentada   
no canto da casa fumando seu cachimbo, não era casada com pai, esse tinha muitas mulheres, posso
de repente está diante de um parente próximo e nem saber.
Tinha tanto  orgulho de ser uma Guedes, que me contaminou. Brincadeira, gosto desse sobre nome.
Era  muito preconceituosa e isso me adoecia, e por  isso brigávamos, tentei tanto fazê-la entender 
que cor, riqueza, elegância e outras coisas não valiam a pena.
Mas, não adiantou e por isso deixou de ser feliz , para ser  apenas uma pessoa de posição superior. 
Como  os complexos são doenças ela era doente.
Falava por provérbios, usávamos quardanapos, se colocássemos os braços em cima da mesa ela izia,
não se come com os cotovelos na mesa, coma de boca fechada, não passe o braço por cima da comida dos outros e daí o rosário era lido...
Eram os extremos que me faziam sofrer, mas Deus nos deu sabedoria para lidar com ela até o dia em
que Papai do Céu a levou para eternidade.
Deixou de sofrer e fazer sofrer..A  amei assim mesmo e sinto sua falta...




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