DEBAIXO DOS COQUEIROS

Praia, ventinho no rosto soprando,
Catemba no chão e coco seco,
Pleno verão.
Aprontei,  a velha tá tiririca da vida
E vai me bater, podes crer.

Ela correndo e eu correndo, gato e rato
Só vendo: Se eu te pego te esgano moleca!
Não me pega! Não me pega! Eu sou mais
Rápida.

A velha de vinte e poucos anos faz aceno
Me avisando: Uma hora tu te abestas e eu
Te pego, fique certa.
Bate a fome e a vontade de voltar pra casa
Me esqueço que aprontei.

Vou chegando de mansinho, bem devagarzinho,
A jovem velha pelos cabelos, me pega.
O dedo do coqueiro já está pronto: Agora me
Pagas o novo e o velho, moleca, sapeca.

Fico toda marcada, ela põe uma aguinha de sal
E senta-me numa cadeira, eu nem sei o que doía
Mais se era a salmoura descendo ou ficar sem
Movimento.

Que lembrança complexa eu tenho daqueles coqueiros!
Quando não aprontava eles me inspiravam  e quando
A velha,  eu aperriava, eles a dor e o abandono me
Lembravam.
De um jeito ou do outro tenho boas lembranças daqueles
Coqueiros.  Que vida boa aperriada!



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