NOVENTA ANOS DO VELHO ZÉ!

Como posso esquecer do velho Zé que hoje faria noventa anos e há cinco anos nos deixou.

Aquele ser calado, introspectivo que abria a boca somente para comer.  

Tinha um olhar distante, parecia guardar dentro do peito uma dor, de um passado oculto, que somente ele conhecia.

Era como uma máquina movida a tristeza, anoitecia e amanhecia na solidão do seu íntimo.

Aquilo me incomodava e eu escrevia textos e mais textos para ele e o tema eu ainda me lembro:

Acorda papai, nós estamos aqui e precisamos de você vivo e feliz...

Se precisar, mude de vida, dê um tempo, saia por aí, grite ao vento a sua dor, liberte-se por favor.

Aos oitenta e cinco anos ele se rendeu, deu lugar a morte, como sendo a única saída para o seu penar.

Por isso eu continuo pensando, não dá certo uma relação, separa, Constrói outra relação, essa história de que Deus não separa família para construir outra é utopia.

Mais importante que uma família é um lar, lareira onde todos se aquecem no mesmo fogo, se irmanam, se harmonizam.

De que serve uma vida onde duas pessoas se aturam, se aguentam, se suportam e de vez em quando o tiro sai pela culatra.

Deus fez o homem para ser feliz e não para sobreviver entre dores, tristezas e irrealização.

Sempre digo:

Eu não queria ver, ninguém, sofrendo por ser obrigado a viver com outra pessoa, pela religião, pelos filhos, pela censura dos hipócritas.

A única rasão que deve unir duas pessoas é o amor e o respeito, acabou esses dois, até logo...

Podia estar aqui conosco velho Zé, brincando com Bianca, Cecilia e Rafael, mas, preferiu partir para eternidade nos deixando a saudade e a lembrança desse velho pai, bom, amigo, mas, triste.

SAUDADES DE VOCÊ PAPAI!