BATEU UMA SAUDADE DO MEU VELHO ZÉ!
Sempre que chegávamos em Acaú ele estava deitado na sua redinha, logo se levantava para nos abraçar, acho que esse momento era único em sua vida...
O velho Zé quando foi moço, era muito bonito, moreno, corpo esguio, olhos pretos estatura média...
Muito sério parecia guardar dentro do peito uma grande dor.
Casaram-se muito novos sem uma base familiar, ele trabalhava nos barcos do meu avô que depois de um tempo ficou encostado no estaleiro por conta da ignorância do velho Antonio Guedes.
Foi para Recife trabalhar em 1960 veio para Acaú desempregado e ganhou o mar de novo para sustentar a família.
Até que um grande amigo lhe ofereceu um emprego no Porto de Cabedelo como conferente de armazém, trabalhou muitos anos e se aposentou como Fiel de armazém...
A sua felicidade estava em três netas que viviam em sua casa fazendo dele gato e sapato, as meninas cresceram vieram morar em João Pessoa e o velho voltou a ser um passarinho triste.
Não lembro de ter visto um sorriso desses bem gostoso nos lábios do meu pai, quando sorria era um riso amarelo no canto da boca e logo voltava ao seu mudinho triste.
Com essa minha mania de escritora fazia textos e textos para ele, mas nunca que ele soube, a única poesia que lhe escrevi está no primeiro livro publicado, dias antes dele morrer eu li para ele
e ele chorou que as lágrimas rolaram pelo seu rosto triste.
O grande amor de sua vida nunca o amou apenas o aturou até a morte, ele também não soube conquistá-la.
Tinha um ciume doentio e por conta desse miserável ciume ele a fazia sofrer muito.
Pedia todos os dias a Deus para ir para o céu, ele queria morrer.
Lembro que eu lhe pedi poucos meses antes dele partir:
Pai fica com a gente até o seu aniversário é 31 de janeiro e nós estamos em agosto, Ele respondeu tenho pressa filha não aguento esperar, não vou ficar.
No dia 11 de novembro daquele mesmo ano ele viajou para eternidade para gozar a sua verdadeira paz.
Não fui a sua filha predileta a filha do coração era minha irmã mais velha, mas o amava muito e sinto muitas saudades dele.
Domingo fui até ao cajueiro onde ele fazia suas orações e deixou registrado: Rayanne eu te amo e juçara eu te amo...
Passei alguns minutos imaginando a sua dor a sua solidão e lembrei da minha solidão e da minha dor...
Saudades meu velho, nessa questão de solidão e dor nós dois empatamos...
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