TENHO SAUDADES DE MINHA MÃE NEGRA

 Fico muito chateada quando alguém pensa no outro pela sua cor, branco, preto, índio ou mulato.  A pessoa é sua essência  e a essência não tem como mudar é sempre e sempre é, será sempre.  A   ALMA NÃO TEM COR.  

Martinha era negra, baixa e gordinha descia a ladeira de casa se rebolando, gostava de toda sexta feira a tarde fazer seu ritual. Ela cantava as ladainhas e balançava a vasilha com alfazema queimada.  Ela acendia a vela em cada um dos seus amigos imaginários que chamava de santo. Martinha foi a alma mais linda que eu já conhecia, braba como uma capota choca, ninguém mexesse com um filho seu, eu tive o privilégio desse cuidado. Um dia ela me perguntou,'' nega tu quer ser mia fia, tú é branca tem osoio verde, tem nada não, né?'' Não martinha sou sua filha,  mas vou lhe chamar minha Marta, a essa altura não dar pra chamar de mãe.   Esses seis e quase sete anos que vivemos juntas foi multiplicando por uma longa vida até hoje, Martinha mora na minha alma que vive ''cheiinha'' de saudades.  Engraçado essa vida Martinha'' espilta, gege crente'',  e que final lindo... Martinha se desfez dos amigos e morreu com Cristo, não precisei  magoar sua alma com doutrinas. gegeescritora.

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