SOU PARAÍBA COM MUITO ORGULHO


Você pensa que me chamando paraíba com desdém, que sou do norte, você conhece o mapa meu bem?
Amo o norte de paixão, meu Amazonas está no coração, gosto de buriti, açaí com farinha do uarení, pupunha cozida no café da manhã, tucumã e um peixinho na brasa com molho, é muito bom.

Mas eu sou nordestina e isso me orgulha, querido, como feijão de coco espremido, com charque assada,
pamonha, canjica, milho assado, milho cozido. 
Moro debaixo dos coqueiros e não dos buritizeiros, açaizeiros e pés de tucumã.

Moro pertinho da praia, tomo banho de mar todo dia assim me dê vontade e o sol esquente.
Você sabe como vive o nordestino que tanto deprecia?  

Pois eu vou lhe contar pelo menos um pouco da nossa vida, tá!
Arranha céus estamos livres, poluição no ar nem pensar, respiramos o ar puro e a brisa do mar.  

Moramos em casa com quintal, espaço para as festas de aniversários, fins de semanas e natal.
Quando passamos o dia fora de casa, estamos em lazer, o nordestino é folgado, tendo um franguinho assado um bocado de farinha e uma coca do lado, faz a festa.

Meu povo não tem frescura, aprendeu a comer com garfo e faca, sabe que não pode colocar os cotovelos  em cima da mesa, levar a colher a boca e não a boca a colher, sabe usar os guardanapos. 
Mas também sabe comer com as mãos, fazendo bolinho de feijão e batizando no molho, come em pé com o prato na mão em frente a televisão.

Sabe falar complexo, paradoxo, nuvens plúmbeas, aparência simiesca e também palavrão, oxente, vice neguinha, me dê um cheiro no cangote.
Eita povinho bão de papo, escreve certo e fala errado, fala em verso, prosa, repente e cordel, basta dá o tema e o texto tá pronto, falado ou escrito.

Por isso  existe nordestino até na lua, pode procurar.
Quando vir alguém famoso pela arte de falar, escrever, declamar, tem nordestino lá, se não for um filho da terra, faça o DNA.
Gerusa Guedes, sou  nordestina chata, nasci assim, cresci assim, mas não sou Gabriela, sou uma escritora mixuruca, também não quero pertencer ao quadro dos poetas mortos.

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